Olá! Dia dhaoibh!
Hoje venho falar de um ritual antigo, que nos é passado num manuscrito irlandês: o Glám Dícenn.

Este ritual tinha como objetivo castigar um Rei que não cumprisse os seus deveres soberanos ou, como poderá ser visto mais abaixo, “fazer a terra engolir o Rei”.
O ritual é nos passado então, da seguinte forma:
O poeta deverá jejuar na terra do Rei, para quem a sátira se dirige e, adicionalmente, obter o consentimento de 30 leigos, 30 eclesiásticos (bispos, mais especificamente) e 30 poetas para poder escrever a sátira.
Após cumprir estes dois requisitos deverá se acompanhar de mais 6 poetas, com os seguintes graus (de conhecimento poético): um “Fochlac”, um “Mac Fiurmedh”, um “Doss”, um “Cana”, um “Cli” e um “Anrad”, com um “Ollamh” como sétimo.
Estes deverão então, ao nascer do sol, dirigir-se a uma colina na fronteira de 7 terras. No topo, cada um dos poetas deve estar virado para uma terra diferente, com o “ollamh” (poeta-chefe) virado para a terra do Rei, alvo da sátira.
Para além disto, as suas costas têm de estar viradas para um espinheiro, nascido no topo da Colina, e o vento deve vir do Norte, e cada poeta deverá ter na mão uma pedra perfurada e um espinho de espinheiro. O “ollamh”, ou poeta-chefe, como líder, daria início à sátira recitando o primeiro verso seguido dos restantes poetas com os seus versos. Para terminar, as pedras e os espinhos eram colocados sob o caule do espinheiro.
Após isto, caso os poetas estivessem a mentir, ou a ser injustos, com a sátira, seriam engolidos pelo chão da colina. Caso contrário, a terra engolia o Rei, a sua mulher, o seu filho, o seu cavalo, as suas vestes, e o seu cão.
Bençãos da Grande Rainha,
Bran /|\
